terça-feira, 4 de novembro de 2014

Google Glass: um novo olhar na linha de montagem da Iveco

À primeira vista as linhas de montagem da Iveco, em Sete Lagoas, MG, em quase nada diferem das tradicionais fábricas de caminhões. Os 1,5 mil funcionários cumprem fase a fase da montagem das peças, partes e dos veículos em si, auxiliados por amplo maquinário em um ambiente totalmente industrial. Seria tudo muito comum não fosse um relevante pormenor: desde maio alguns funcionários da companhia usam o Google Glass como forma de auxílio às suas atividades, o que confere um toque futurístico à unidade.

O projeto, já em atividade em fase experimental, é pioneiro na indústria automotiva brasileira. O objetivo principal é promover maior agilidade à produção, evitando falhas de processo e fornecendo ao operador um sistema de auxílio instantâneo e altamente interativo.

O funcionamento é simples: o funcionário da montadora coloca o Google Glass e pode visualizar pelo dispositivo imagens projetadas – em tamanho equivalente ao de uma TV 27 polegadas – com suas tarefas. O equipamento enumera as ações e ilustra os processos com fotos. Caso alguma dúvida persista durante o processo o funcionário pode pedir ajuda ao dispositivo ótico, que é conectado à internet: filmes curtos, com duração de alguns segundos e que pormenorizam ainda mais a tarefa a ser executada, são então exibidos.


Com isso os funcionários não precisam mais deixar suas posições para buscar os manuais de processo e especificação relativos às suas atividades – normalmente estes estão disponíveis em papel ou computadores localizados em células ao longo das diversas áreas da fábrica.

Já há cinco óculos em uso na fábrica da Iveco, com oito funcionários treinados para utilizar os equipamentos.

A primeira delas foi Larissa Cristina, 20 anos, que atua na área de estoque de peças – um enorme corredor repleto de milhares de componentes. Sua missão é montar kits de peças para montagem de diversos veículos, que serão depois levados para a linha. A tarefa é delicada, pois um mínimo erro na montagem dos kits poderia levar a uma série de atrasos no processo de montagem, além de afetar a qualidade final do produto. “Demorei alguns dias para me adaptar aos óculos, mas agora sempre que tenho dúvidas consigo resolver rapidamente”, afirma Cristina, que aprendeu comandos em inglês para utilizar o equipamento.

Segundo Francisco Oliveira, gerente de Logística da montadora, o uso do Google Glass pode reduzir em até 20% o tempo dos processos. “Além disso os óculos garantem que tudo seja feito de forma correta, pois as dúvidas são resolvidas em tempo real.”

Nas três áreas onde o equipamento já é utilizado não há mais erros, garante Oliveira – são elas sequenciamento de peças, montagem dos veículos e auditoria de qualidade no produto acabado, processos que envolvem cerca de 120 pessoas e têm diversos protocolos. “O Google Glass é uma ótima ferramenta para o ganho de produtividade. O passo-a-passo em tempo real permite aos funcionários realizarem suas atividades sem problemas, o que aumenta a qualidade e reduz o tempo do trabalho.”


 O executivo assegura que o dispositivo chegou para revolucionar os processos dentro das fábricas de veículos. “Ele já é usado na medicina, na indústria bélica e na área de construção civil. Somos os pioneiros na indústria automotiva e sabemos que isso nos coloca em vantagem.”

A Iveco trabalha no desenvolvimento do Google Glass nas linhas de produção em parceria com a empresa de software Data Access, também de Sete Lagoas, MG, responsável pela criação dos tutoriais passo-a-passo exibidos no aparelho, seguindo orientações da montadora.

Anselmo Ichihara, sócio-diretor da empresa, afirma que o banco de dados já conta com centenas de imagens e dezenas de vídeos disponíveis aos funcionários, “e a tendência é que isso aumente até que possamos contemplar 100% das atividades da fábrica”.

Ele enumera mais uma vantagem do uso do Google Glass pelos trabalhadores: o aumento da velocidade e da praticidade da comunicação no chão-de-fábrica. “Os óculos também permitem que os funcionários tirem fotos e produzam pequenos vídeos das ações realizadas e enviem em tempo real para as áreas responsáveis por cada setor.”


A montadora tomou o cuidado de não permitir que este material deixe as instalações: “Temos um sistema que garante a confidencialidade, e apesar de os óculos serem conectados à internet as informações não saem do sistema interno da fábrica”.

A previsão da montadora é ampliar o projeto para trinta funcionários utilizando o Google Glass no ano que vem. Uma maior amplitude do uso do dispositivo na unidade, entretanto, ainda depende da homologação do Google Glass no País, que deverá ser concedida pela Anatel em 2015.

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